Foto: LiterAgindo |
Por: Jean Ribeiro
"Posso esperar um pouco mais. Tenho um sonho, mas ele não precisa ser vivido hoje, porque preciso ganhar dinheiro."
O que tem de
interessante na vida de uma prostitua além de suas aventurais sexuais?
Perguntando-se
sobre isso, o autor Paulo Coelho decidiu escrever sobre um tema que até então
não fazia parte do seu estilo de escrita, decidiu deixar as fantasias e seus
livros de auto-ajuda de lado para escrever sobre um tema polêmico, sexo e
prostituição. Porém o autor não deixa suas influências de lado, apesar de se
basear em uma história real, Paulo consegue inserir de forma brilhante um pouco
de fantasia e momentos reflexivos. Talvez essa tenha sido a fórmula do grande
sucesso deste livro.
“Era uma vez
uma prostituta chamada Maria.”
Onze minutos
é um livro que começa a surpreender a partir da primeira frase. Normalmente
usada em contos de fadas, “Era uma vez” é utilizada para iniciar a história de
uma prostituta. Absurdo? Não. Não é nenhum absurdo, pois com o transcorrer do
livro, o leitor começa a entender que Maria vive seu conto de fadas particular.
Maria é uma
jovem nordestina que tem o sonho de casar com um homem rico, ter uma casa bonita
e uma família, sonho normal entre jovens do interior. Sem compreender o amor,
ela tornou-se uma mestra na arte de manipular os garotos e utilizá-los para
aprender mais sobre a arte do sexo. Aos dezenove anos Maria parte para o Rio de
Janeiro e lá conhece um suíço que oferece uma
oportunidade de emprego no seu país de origem. Chegando à Suíça, Maria descobre
que as coisas não eram bem como o combinado e, sem perceber, acaba se deixando
cair na prostituição.
Este é um
resumo geral da história, porém não é algo complexo ou explícito demais. Paulo
Coelho consegue retratar as cenas de sexo sem usar “palavras baixas”, nem ao
menos as palavras “vagina” ou “pênis”. O autor consegue levar os sentimentos de
Maria aos leitores, desde o momento de seu primeiro programa e seus momentos
mais difíceis, até os momentos no qual ela busca a alegria e descobre que
também pode ser feliz.
Os trechos
retirados do diário da verdadeira Maria (nome fictício), do qual o autor baseou
sua história, trazem uma emoção a mais na leitura, pois consegue fazer que o
leitor sinta a emoção empregada nas palavras escritas pela verdadeira Maria.
Uma das partes mais interessantes por sinal é uma descrição de uma das mais
importantes relações sexuais dela, no qual o autor utiliza o trecho do diário
na íntegra, deixando que a própria Maria descreva a situação.
Onze minutos
leva o leitor junto com Maria a uma série de descobertas. Ao mesmo tempo em que
o leitor acompanha as aventuras de Maria, suas experiências com seus clientes,
um deles até que é chamado de “cliente especial” a inicia no sadomasoquismo, o
leitor se descobre quebrando preconceitos e se levando a refletir em quantas
histórias como aquelas não existem na vida real, quantos contos de fadas reais
como este se desenrolam diariamente, muitas vezes ao nosso redor.
"Antes costumava ver as meninas que iam para a cama por dinheiro como gente a quem a vida não tinha deixado nenhuma escolha - e agora vejo que não é assim. Eu podia dizer "sim", ou "não", ninguém estava me forçando a aceitar nada. Ando pelas ruas, olho as pessoas, será que elas escolheram suas próprias vidas? Ou será que elas também, como eu, foram "escolhidas" pelo destino?"
Com este enredo aparentemente simples, Onze
minutos chegou a marca de mais de quatorze
milhões de cópias vendidas, pois utilizando de seus dons de escrita, “o mago”
conseguiu fazer de uma história real com um verdadeiro toque de fantasia. Se
ainda não leu, não deixe de apreciar esta grande obra.
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