sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O Temor do Sábio - Patrick Rothfuss surpreende com sua narrativa ainda mais intensa que O Nome Do Vento

Foto: LiterAgindo


Por: Jean Ribeiro

"Lembre-se de há três coisas que todo sábio teme: o mar na tormenta, uma noite sem luar e a ira de um homem gentil."

Trazendo o segundo dia de história contada por Kvothe, O Temor do Sábio consegue ser melhor que o primeiro livro da série A Crônica do Matador do Rei. Comparado ao livro O Nome do Vento, este livro traz um enredo mais elaborado, bem construído e muito mais intenso.

Kvothe continua a contar a sua história, e nesta parte, a sua vida toma um rumo diferente do que ele esperava. Ele nos conta que teve que deixar a universidade por mais uma desavença com seu inimigo declarado, Ambrose. Sem opções, o protagonista parte em busca de alguém que possa patrocinar sua música, enquanto deixa o tempo passar para poder voltar a universidade. Assim, começa mais algumas aventuras de Kvothe.

O livro continua com sua leitura lenta e bem detalhada, suas 960 páginas não são em vão. O fato do livro ser narrado em primeira pessoa, traz a sensação de você está junto de uma lareira com Kvothe ao seu lado contando a história. Tenho que parabenizar a forma de escrita do Autor Patrick Rothfuss, pois ele traz algo novo, algo diferente, algo que lhe puxa para seu conto como uma mágica. Sei que existem milhares de livros escritos em primeira pessoa, mas neste livro, o autor consegue transmitir os sentimentos da personagem de uma forma que até então eu não tinha visto antes. 

Voltando a história, Kvothe passa a viver com o Maer Alveron, um homem muito rico que pode se transforma no patrocinador que o jovem Kvothe precisa, mas antes o protagonista tem a missão de conquistar a confiança do Maer. Por falar em missão, o próprio Maer o envia para uma missão quase impossível de ser cumprida. Kvothe tem que liderar um grupo de mercenários para tentar acabar com um grupo de ladrões que estão impedido a passagem dos coletores de impostos. A partir desta missão, Kvothe passa por grandes reviravoltas.  Ele é levado por Feluriana para o reino dos encantados. Feluriana é conhecida por levar as suas vítimas e elas nunca mais retornarem, pois por incrível que pareça, suas vítimas morrem de tanto fazer sexo com esse ser de uma beleza sem igual e com um poder de atração literalmente irresistível. Mas não para o nosso Kvothe. Ele não só consegue resisti a Feluriana, como consegue fazer que ela o ensine várias coisas, muitas delas carnais, é claro, até porque Kvothe até então não tinha deitado com nenhuma mulher.

Essa parte do livro é de uma sensualidade tamanha, porém mais uma vez trago a tona a capacidade do autor de saber trabalhar bem com os detalhes e os sentimentos dos envolvidos. Com certeza, um dos pontos mais altos dessa narrativa.

Por fim, Kvothe retorna do mundo dos encantados. Porém a história continua. Guiado por Tempi, Kvothe vai para ademre, o local de nascimento de Tempi e onde o jovem pode aprender o Ketam, arte milenar somente ensinada aos ademrianos.

Como pode se perceber, a história de Kvothe é bastante movimentada. Isto tudo acontece em um curto espaço de tempo, o que faz dele um jovem com feitos extraordinários. O livro também retrata a fixa busca de Kvothe pelo Chandriano, o grupo que matou sua família, e é claro, o seu relacionamento com Denna, a misteriosa Denna, que usa tantos nomes e não há nada de concreto em sua história.

Isso é o Temor do Sábio. Uma fantasia impressionante que traz uma parte bastante intensa de Kvothe, porém nenhuma resolução aos diversos mistérios que cercam a história. Quem realmente é o Chandriano? Quem é Denna? Quem é o Rei morto que o título indica? Quem é Auri, a menina misteriosa que vive escondida na universidade? Como se resolverão os confrontos entre Kvothe e Ambrose? Essas são uma das muitas perguntas que somente serão respondidas no último livro desse grande conto que ainda não tem data de lançamento prevista. Ou seja, teremos com certeza um livro de muitas, muitas páginas, a não ser que Patrick mude seu estilo e resolva tudo sem desenvolver e em um piscar de olhos.

"São as perguntas que não sabemos responder que mais nos ensinam. Elas nos ensinam a pensar. Se você dá uma resposta a um homem, tudo o que ele ganha é um fato qualquer. Mas, se você lhe der uma pergunta, ele procurará suas próprias respostas."

Parabéns editora arqueiro pelo grande trabalho nesta obra, pela bela tradução e adaptação, que conseguem manter a mágica original oferecida pela narrativa feita por Kvothe, pela diagramação e principalmente pela capa, que é simplesmente magnífica.

Se não leu sobre O Nome do Vento ainda, veja nossa crítica nesse link:
http://blogliteragindo.blogspot.com.br/2014/08/por-jean-ribeiro-e-por-isso-que-as.html

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