sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Deu no New York Times: O Brasil Segundo um Estrangeiro

Foto: LiterAgindo

Por Jonathas Passos

Fugindo um pouco da temática fantasia, hoje me aventuro a fazer uma resenha de um livro totalmente jornalístico.

Deu no New York Times foi um livro que me chamou a atenção principalmente, por eu ser um admirador dessa profissão. Me lembro bem que ao comprá-lo, na bienal do livro de Pernambuco do ano de 2013, me veio a mente a ideia de saber como o Brasil é visto por pessoas de fora. E é exatamente isso que ele reproduz.

O escritor é Larry Rohter, um jornalista de profissão que casou com uma brasileira e se apaixonou pelo país da esposa. Quando surgiu a oportunidade de ele assumir o cargo de correspondente no Brasil nos anos 70 pela revista NewsWeek ele aceitou sem titubear, passou cerca de 10 anos atuando nessa função, escrevendo e conhecendo o lado cultural, político, econômico e sociológico do Brasil, logo depois voltou para cá em 1999 e ficou até 2007, novamente se aprofundando no conhecimento da história do nosso país. Durante todo esse período foram mais de 500 reportagens publicadas que trouxe para ele muitos prêmios e alguns desafetos.

O livro é dividido em tópicos, onde Larry mescla entre as notícias publicadas e notas pessoais sobre determinados assuntos.

É interessante ver a opinião dele no que diz respeito a nossa cultura. Ele se mostra um ardente admirador de nossa música, citando em muitos momento dois grandes expoentes da MPB, Caetano e Gil, e com um tom ácido, faz uma crítica a todos aqueles que não dão valor a sua cultura, achando que tudo que vem de fora é melhor do que aquilo que existe aqui dentro. Ainda nesse ponto, ele toca em assunto polêmicos, como por exemplo, a discussão que surgiu entre as vendedoras de acarajé na Bahia, pois muitas vendedora não seguiam os preceitos que a cultura baiana "estipulava".

Ao falar sobre a sociedade brasileira, ele cita os pontos que todos nós já conhecemos, isto é, o fato de sermos vistos lá fora como um povo alegre, bonito, acolhedor, prestativo, mas ao mesmo tempo, ele cita que o "jeitinho brasileiro" que todos nós temos o costume de usar, alguns de uma forma mais intensa que outros, é visto como uma mácula pelos estrangeiros, pois o fato de querermos nos dar bem em tudo, a famosa Lei de Gérson, nos faz muitas vezes passar pelos limites éticos e morais básicos para o bom convívio.

O ponto mais crítico de todos, durante o período que Larry esteve atuando como correspondente, se deu nos momentos em que ele falava sobre política. Com uma opinião muito forte sobre o PT ele exprime toda a sua surpresa ao ver a mudança que o partido teve em seus ideais filosóficos. Ficou conhecido mundialmente ao publicar uma reportagem sobre os pequenos vícios ligados a bebida do Ex-Presidente Lula, que quase causou a sua extradição do Brasil. Em minha opinião, quando falava sobre política Larry deixava a imparcialidade jornalística de lado, mostrando seu viés de pensamento para todos verem, ou melhor lerem.

Entre textos cômicos e altamente informativos, o livro consegue nos prender, contudo, essa uma daquelas leituras que se devem ler de maneira esporádica, pois diferente de um conto, se você passar muito tempo sem lê-la você não irá se perder. Com o decorrer do tempo, você vai acabar percebendo que já tinha ouvido falar de algumas dessas notícias e que agora você irá realmente lê-las.

A Editora Objetiva está de parabéns pela belíssima edição, com uma capa simples porém bonita ela consegue trazer toda a elegância dos grandes jornais, além disso a diagramação está ótima.

No final da leitura aprendemos a valorizar um pouco mais o que temo. E esse é o maior trunfo deste livro.

É isso pessoal, até a próxima.

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