Foto: LiterAgindo |
Por: Jean Ribeiro
“É por isso que as histórias nos atraem. Elas nos dão a clareza e a simplicidade que faltam à vida real”
Neste livro, Kvothe conta sua história. Misterioso e proprietário de uma pousada, Kvothe vive a vida de um simples hospedeiro que recebe os mesmo clientes todos os dias. Porém, de simples a vida de Kvothe não tem nada, pois após salvar a vida de um cronista do ataque de criaturas, Kvothe é reconhecido e recebe a proposta de contar sua história. O hospedeiro aceita impondo apenas a condição de precisar de três dias para contar toda sua história. Assim começa O Nome do Vento que relata o primeiro dia de histórias de Kvothe, revelando assim uma parte de seu passado misterioso.
O livro possui muitos diálogos e seu início é bem arrastado. Não é raro encontrar alguém que diga que desistiu da leitura. Porém aos poucos, Patrick Rothfuss consegue fazer com que seus leitores se envolvam com Kvothe, principalmente após a morte de sua família.
Narrado em primeira pessoa, O protagonista quando criança se mostra alguém indefeso, porém de uma inteligência sem igual. Em choque pela morte de seus pais, Kvothe apega-se a música, que no fim foi tudo que lhe restou. Assim, o conto começa a mostrar suas surpresas. O autor passa muitos sentimentos e grandes reflexões através de seu personagem. Diversas frases marcantes se sobressaem no texto, fazendo você parar em vários momentos e refletir sobre o que acabou de ler, porque apesar de ser uma fantasia, essas reflexões feitas pelo protagonista sem dúvidas são feitas na vida real.
"A maior faculdade que nossa mente possui é, talvez, a capacidade de lidar com a dor. O pensamento clássico nos ensina sobre as quatro portas da mente, e cada um cruza de acordo com sua necessidade.
Primeiro, existe a porta do sono(...) (...)Quando uma pessoa é ferida, é comum ficar inconsciente. Do mesmo modo, quem ouve uma notícia dramática comumente tem uma vertigem ou desfalece. É a maneira de a mente se proteger da dor, cruzando a primeira porta."
Segundo, existe a posta do esquecimento(...) (...)O provérbio "O tempo cura todas as feridas" é falso. O tempo cura a maioria das feridas. As demais ficam escondidas atrás dessa porta.
Terceiro, existe a porta da loucura. Há momentos em que a mente recebe um golpe tão violento que se esconde atrás da insanidade(...) (...) Há ocasiões em que a realidade não é nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la para trás.
Por último, existe a porta da morte. O último recurso. Nada pode ferir-nos depois de morreremos, ou assim nos disseram."
Esta parte da vida de Kvothe é bem sofrida. Tudo se resume ao seu período sofrendo por seus pais, ao tempo que passou como mendigo e ao seu trajeto e vivência na universidade, onde acontecia a formação de arcanistas e onde Kvothe vai em busca de informação para achar o Chandriano, o grupo mistetioso que matou sua família.
É exatamente na universidade que a história se desenrola por completo, pois sem dinheiro para bancar os estudos, Kvothe tem que usar da música como fonte de dinheiro. O amor de Kvothe pela música é algo fortíssimo e é algo que o mantém no controle. Com o tempo ele consegue amigos, também como um influente inimigo. E seu encanto por Denna, uma misteriosa mulher que faz o jovem Kvothe delirar, completa o enredo deste emocionante conto.
"A música é uma amante orgulhosa e temperamental. Recebendo o tempo e a atenção que merece, ela é sua. Desdenhada, chega o dia em que você a chama e ela não responde."
O Nome do Vento é aquele conto que surpreende aos poucos. Além de sua lentidão nos acontecimentos, falta um pouco de ação. Os momentos de ação são poucos, mas que são essências para o enrendo. Também muitas arestas ficam soltas e nenhum vilão em si é revelado, ou seja, a maior parte das respostas ficaram para os próximos dias de história, ou melhor, os dois próximos livros. Mas não deixa de ser uma das melhores histórias de fantasia escritas até hoje e, somente lendo, que você entenderá o quão rica está obra é.
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