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Foto: Literagindo |
Por Leandro Silva.
“Tenho 19 anos e a única coisa sobre a qual tenho controle em todo meu mundo é como escolho contar essa história. Então não vou foder com ela. Será boa, se você tentar confiar em mim”. Essas são palavras do Matthew, personagem principal do livro chamado ‘Onde a lua não está’, primeiro livro do Nathan Filer, autor britânico que é enfermeiro da área de saúde mental – o que o ajudou a escrever e ter sucesso em sua primeira obra. Além disso, ele é poeta performático e participa de vários eventos literários no Reino Unido.
Bem, ‘Onde a lua não está’ e um daqueles livros que encanta quem gosta de livros onde o personagem principal tem problemas de saúde mental. Quem leu ‘As vantagens de ser invisível’ sabe do que estou falando. O personagem conversa com você ao tentar explicar o que se passa com ele e ao redor dele, ele interage com você e faz com que você participe, quase que ativamente, da vida dele.
No livro do Filer acontece isso. Matthew é um jovem de 19 anos que está a beira da esquizofrenia e resolve contar a sua história para a gente, pois escrever é uma das artes que ele domina e isso o distrai. Ele começa contando a história dele desde a infância. Pra ser mais exato, do acampamento onde ele e a família (pai, mãe e seu irmão mais velho, Simon) passam as férias e onde sua vida sofre uma reviravolta.
Seu irmão, o Simon, sofre de Síndrome de Down, o que o faz ter uma atenção especial dos pais. Isso deixa o Matthew um pouco enciumado, mas nada com que se preocupar. Mas, justamente nessa viagem de férias, onde está tudo muito bem, uma tragédia acontece: Simon morre e, da maneira que morreu, faz com que seu irmão se sinta culpado pelo resto de sua vida.
Esse fato faz com que Matthew passe por muitas situações interessantes: os dias com os avós, a saída da casa dos pais, a chegada no hospital e como ele sai de lá – para mim, a melhor parte do livro, pois nos deixa com o gostinho de quero mais. Não, não espere uma história triste, pois não é a intenção do Nathan Filer com ‘Onde a Lua não está’. A história é sim, cativante, mas não triste.
Um fato a ser dito é que as vezes você vai se sentir perdido lendo a história. O livro não segue uma ordem cronológica e isso faz com que algumas pessoas se percam, ou achem isto. Tanto faz ele contar a história de um fato da infância e, no minuto seguinte, voltar para a vida atual dele, aos 19, lá no hospital psiquiátrico. Ao leitor é necessário atenção, principalmente aos detalhes.
Não esqueça: o personagem é uma pessoa esquizofrênica e a história é contada em primeira pessoa, logo ele está conversando com você. E, como todo leitor atencioso, você tem que realmente prestar atenção no Matthew. Aliás, são coisas que podem acontecer com a gente. O final dele também é espetacular. Como todo bom autor, deixa aquele gostinho de quero mais. Isso faz com que o Nathan tenha um dívida conosco, pois esperaremos logo um outro livro dele.
Devemos parabenizar a Rocco também pelo excelente livro que chega até nós. A capa está magnífica, muito bonita e apaixonante. A diagramação do livro também está perfeita, inclusive nas partes onde o Matthew escreve com sua velha e boa maquina de escrever, o livro assim mesmo vem, como se com ela fosse escrito. Capricharam no livro.
É isso pessoal, espero que gostem. Abraço e até a próxima.
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