Foto: Literagindo |
Quando conheci o David Levithan, em meados de 2014, não fazia ideia de como eram suas obras. Sabia que era infanto-juvenil, que se assemelhava muito ao estilo de John Green, mas não sabia de fato como era ler um de seus livros. Comecei por Will & Will – que escreveu em parceria com o Green, e agora terminei de ler a sua mais recente obra: Dois garotos se beijando.
Digo a vocês com toda sinceridade: me surpreendi. Não, não que eu esperasse coisa pouca do David. Não foi isso. É que ele tem uma linguagem tão igual a nossa, que o livro flui como se ele estivesse conversando conosco. E o livro realmente se passa assim: uma narrativa onde as histórias são contadas diretamente a nós, leitores. Mais parece uma conversa, daquelas que você acaba se tele transportando para o lugar de quem está contando.
Quem nos conta as histórias são os ‘gays do passado’, todos aqueles que passaram por tanta dificuldade e que não mais estão entre nós. Conforme eles contam as histórias, por que eles contam a história de mais de um personagem, eles nos contam um pouco da história deles. Eles, os gays do passado, contam que são de gerações que antecedem a dos personagens, contam como foi difícil para eles serem gays naquela época. Contam como muitos morreram e como todos sofreram.
Não pense que devido ao título o livro vai contar a história, do início ao fim, de dois simples garotos se beijando. Não, não vai. O beijo acontece sim e devido a uma causa nobre: chamar a atenção da sociedade para a causa gay. Harry e Craig decidem ter essa ideia quando o até então desconhecido Tariq é espancado de forma gratuita, simplesmente por ser quem é. Revoltados, Craig chama seu ex-namorado e ambos topam quebrar o recorde de beijo mais longo do mundo, em pleno jardim da escola onde estudam.
Em outro ponto somos apresentados ao casal formado por Neil e Peter. Logo depois conhecemos um casal que, digamos, é o mais fofo do livro: Ryan e Avery. Eles são sensacionais e aprendemos tanto com eles. O mais solitário e que chegamos a ter pena é o Cooper. Garoto que vive em rede social para obter um parceiro sexual; um garoto que vive na internet conhecendo outros homens e sendo tantas pessoas ao mesmo tempo. Ele ainda não se aceitou. Seus pais não aceitam sua condição e isso quase o mata.
O livro conta a história de todos os que citei aqui. São belíssimas histórias. Histórias de superação; histórias de preconceito; histórias de aprendizado; histórias de amor. E elas nos são contadas de uma forma tão simples, uma forma tão natural, que muitas vezes achamos que o David pegou uma parte da história de cada um de nós e pôs no livro. Tiro meu chapéu para ele por nos presentear com um livro como esse.
Uma das coisas boas em ser leitor é poder viver cada história e saber, na vida real, como entender cada pessoa e suas diferenças. Te convido para ler então ‘Dois garotos se beijando’ e aprender imensamente com essa literatura. Enquanto vocês leem, eu ficarei imaginando como estaria agora cada um dos personagens se a história tivesse uma continuação.
PS: Leiam a ‘Nota do Autor’ e vejam porque digo que tudo que ele coloca é tão real.
Desejo a todos uma boa leitura e até mais.