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Foto: LiterAgindo |
Por: Jonathas Passos
O que lhe prende aqui na terra? Esse, a meu ver,
é o questionamento principal do livro Na
Companhia das Estrelas de Peter Heller.
A história nos apresenta um cenário pós-apocalíptico
em que quase toda a vida da terra é devastada por uma doença que ninguém
conseguiu identificar e erradicar. Sei que esse tema atualmente tem sido
explorado em demasia, contudo, aguenta ai que as coisas vão começar a ficar
interessantes.
Logo de cara nos é apresentado o personagem
principal e narrador da história, Hig, ou se quiser chama-lo pelo nome completo
Grande Hig. Nosso herói é um daqueles personagens simples que tiveram que
sofrer as maiores perdas que um ser humano pode suportar, isto é, além de
presenciar o seu mundo sendo destruído aos poucos, ele teve que ver a mulher
que amava ser consumida pela famigerada doença. Os companheiros de Hig são: seu
cão Jasper, que é um cachorro bastante velho e que o acompanha em algumas de
suas aventuras e; Bangley, que é o personagem que mais nos surpreende em toda a
história, e é por ele que nós, leitores que deixamos nos envolver muito pela
narrativa, iremos sentir todas as emoções possíveis, que vai desde a repulsa
até o amor. (sério, ele é demais!!). E, ainda tem a Fera. Não, não é o que
vocês estão pensando, trata-se de um avião que é onde Hig voa a procura de tudo
o que o seu coração deseja.
O local que este grupo chama de casa é uma
pequena cidade que se tornou uma fortaleza para eles. Nove anos se passaram
desde que a devastação começou e, desde então, eles vivem num tipo de
companheirismo, aonde cada um realiza uma tarefa essencial para sobrevivência.
Enquanto Hig cuida da caça, plantações e todas as outras atividades manuais,
além de observar o perímetro voando na Fera. Bangley é um tipo de chefe de
segurança, ele cuida das armas e de todas as táticas de defesa. Nesse ponto
quero deixar bem claro que ao contrário das histórias pós-apocalípticas da
atualidade, nesta não encontramos zumbis e sim pessoas que fazem de tudo pela
sobrevivência, além das famílias que possuem a doença, mas que não são hostis.
Deve-se notar que o relacionamento entre Hig e
Bangley não é dos mais amistosos, haja vista, que eles são muito diferentes em
personalidade.
E como nem tudo nessa história são flores, Hig
sofre outra perda irreparável, em um dia de caça, seu cão Jasper morre e é a
partir dai que a busca do nosso herói começa.
Em uma das rotineiras rondas para observar o
perímetro da cidade na Fera Hig, acaba escutando um pedido de socorro, o que é
o ponto primordial para todo o desenrolar da história do livro. Ansiando fazer
o bem, ele empreende uma viagem em busca dessa(s) pessoa(s)
Durante essa viagem ele acaba encontrando duas
pessoas que também conseguiram sobreviver após a doença. Papi, que é um homem
idoso, mas com todo o vigor físico e que empreende com Hig uma das conversas,
sem palavras, mais engraçadas de todo o livro, e, Cima, que é a filha de Papi e
que possui uma história parecida com a de Hig. O encontro deles foi um tanto
hostil, porém, logo conseguem se entender e nasce entre eles, principalmente
entre Cima e Hig, um relacionamento afetivo. Depois de algum tempo vivendo juntos
eles decidem voltar para “casa”, para perto de Bangley. Na volta eles acabam
escutando o chamado novamente, e ainda com a busca por fazer o bem, Hig decide
ir até o local de onde saiu a mensagem. Quando chegam lá, descobrem que esse
chamado, na verdade é uma emboscada, porém os vilões não contavam com a perícia
de Papi com as armas. Por fim, eles conseguem voltar para casa mas...
Durante o período em que Hig estava fora, a
cidade foi atacada e Bangley foi mortalmente ferido defendo aquilo que chamavam
de lar. Por sorte e com os conhecimentos médicos de Cima, Bangley consegue
sobreviver.
O fim é simples, e eu não vou contar, mas vale a
pena.
Devo parabenizar a novo conceito pela belíssima
edição do livro e a capa mostra tudo aquilo que deve mostrar, dois amigos
olhando para o infinito em busca de um novo recomeço.
A única observação negativa que tenho a fazer do
livro é a falta de identificação nos diálogos, pois em alguns momentos fica
difícil saber o que é pensamento e o que é fala dos personagens por não haver
aspas, travessões e outros sinais de identificação.
Na
Companhia das Estrelas é um livro poético, em que observamos que pra fazer o bem
não tem hora, nem lugar.
Trecho Preferido:
“Certa vez ela me disse que era mais feliz sendo
o que quer que fosse. Muito mais feliz do que esperando.”